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Monday, July 31, 2006

Versificação

VERSIFICAÇÃO
É o conjunto de normas que ensinam a fazer poemas belos e perfeitos segundo o conceito dos antigos gregos. Para eles, beleza e perfeição são sinônimos de trabalhoso, detalhado, complexo e tudo aquilo que segue a um modelo, a um conjunto de normas. É, assim, a técnica ou a arte de fazer versos.

Verso é cada uma das linhas que compõem um poema, possui número determinado de sílabas poéticas (métrica), agradável movimento rítmico (ritmo ) e musicalidade (rima).

O conjunto de versos compõe uma estrofe, que pode ser:

1. Monóstico: estrofe com um verso;
2. Dístico: “ “ dois versos;
3. Terceto: “ “ três “
4. Quarteto: “ quatro versos; (ou quadra)
5. Quintilha: “ “ cinco “
6. Sextilha: “ “ seis “
7. Septilha: “ “ sete “
8. Oitava: “ “ oito “
9. Nona: “ “ nove “
10. Décima : “ “ dez “
Mais de dez versos: estrofe Irregular.

O verso que se repete no início de todas as estrofes de um poema chama-se ANTECANTO e o que se repete no final, BORDÃO. O conjunto de versos repetidos no decorrer do poema chama-se ESTRIBILHO ou REFRÃO.

Métrica é a medida ou quantidade de sílabas que um verso possui. A divisão e a contagem das sílabas métricas de um verso são chamadas de ESCANSÃO, que não é feita da mesma forma que a divisão e contagem de sílabas normais, pois, segundo a Versificação:

1) Separam-se e contam-se as sílabas de um verso até a última sílaba tônica desse verso.


Ex: Estou deitado sobre minha mala
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas simultaneamente, unem-se numa só sílaba métrica. Quando essas vogais são diferentes, o processo chama-se elisão e quando são vogais idênticas, crase.

Ex: Ela+estavasó (Elisão) e foge+egrita (Crase)
1 2 3 4 5 1 2 3

3) Geralmente, como acontece na divisão silábica normal, os elementos que formam um ditongo não podem ser separados e os elementos que formam um hiato devem ser separados na escansão de um verso. No entanto, se o poeta precisar separar os elementos de um ditongo (diérese) ou unir os de um hiato (sinérese), ele tem LICENÇAPOÉTICA para que sua métrica dê certo. O mesmo acontece se ele precisar contar também até a última sílaba átona do verso. Outras LICENÇAS POÉTICAS:
. ectlipse: supressão de um fonema nasal final , para possibilitar a crase ou a elisão.

Ex: E nós com esperança = Enós co’esperança
1 2 3 4 5
. aférese: Supressão da sílaba ou fonema inicial.

Ex: “Estamos em pleno mar” = Stamosemplenomar
1 2 3 4 5 6

Quanto à Métrica, um verso pode ser:

1. monossílabo: verso com apenas uma sílaba;
2. dissílabo: verso com duas sílabas;
3. trissílabo: “ “ três “
4. tetrassílabo: “ “ quatro “
5. pentassílabo: “ “ cinco “ , também chamado REDONDILHA MENOR
6. hexassílabo: “ “ seis “
7. heptassílabo: “ “ sete “ , também chamado REDONDILHA MAIOR
8. octossílabo: “ “ oito “
9. eneassílabo: “ “ nove “
10. decassílabo: “ “ dez “ , também chamado de HERóICO
11. hendecassílabo: “ “ onze “
12. dodecassílabo: “ “ doze “, também chamado de ALEXANDRINO

Ritmo é o resultado da regular sucessão de sílabas tônicas e átonas de um verso. Para os gregos, ele é um elemento melódico tão essencial para o poema quanto para a Música.

O ritmo é binário ascendente quando há um som fraco seguido de um forte (fraco/FORTE): “Anuvemguarda+opranto” (Alphonsus de Guimaraens)

O ritmo é binário descendente quando há um som forte seguido de um fraco (FORTE/fraco): “Tenhotantapena “ (Fernando Pessoa)


O ritmo é ternário ascendente quando há dois sons fracos seguidos de um forte (fraco/fraco/FORTE): “Tuchoraste+empresemça damorte” (G. Dias)


O ritmo é ternário descendente quando há um som forte seguido de dois sons fracos(FORTE/fraco/fraco):
“Fátimadizquenãotomanempílula.”(D.Pignatári)

Os versos que não seguem as normas da Versificação quando à métrica e/ou ao ritmo são chamados de VERSOS LIVRES.

Som ou RIMA também é para os antigos um elemento essencial para que um poema seja uma POESIA. A rima é a identidade e/ou semelhança sonora existente entre a palavra final de um verso com a palavra final de outro verso na estrofe. Foneticamente, uma rima pode ser perfeita - se houver identidade entre as terminações das palavras que rimam (neve/leve) - ou imperfeita, se houver apenas semelhança (estrela/vela).

Morfologicamente, a rima é pobre quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical (coração/oração), e rica quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais diferentes (arde/covarde).

Quanto à posição na estrofe, as rimas podem ser classificadas como:

a) emparelhadas ou paralelas (aabb) b) cruzadas ou alternadas (abab)
“Vagueio campos noturnos a “Se o casamento durasse a
Muros soturnos a Semanas, meses fatais b
Paredes de solidão b Talvez eu me balançasse a
Sufocam minha canção.” b Mas toda a vida... é demais! “ b
(Ferreira Gullar) ( Afonso Celso)

c) opostas, intercaladas ou interpoladas (abba)
“Não sei quem seja o autor a
Desta sentença de peso b
O beijo é um fósforo aceso b
Na palha seca do amor!” a (B. Tigre)

d) continuadas: consiste na mesma rima por todo o poema.

e) misturadas: são as rimas que não seguem esquematização regular.

f) VERSOS BRANCOS: são os do poema sem rima.

Fazem parte do estudo do som ou rimas as FIGURAS DE HARMONIA OU DE EFEITO SONORO: aliteração, assonância, onomatopéia, paronomásia, parequema e o eco ou rima coroada.

POEMAS DE FORMA FIXA

Alguns poemas apresentam forma fixa, o que já indica a preocupação formal do poeta em relação à sua obra e, assim, que ele segue à risca as normas da Versificação no momento da sua elaboração. São eles:
. Soneto: poema formado por dois quartetos e dois tercetos, normalmente composto por versos decassílabos e de conteúdo lírico;
. Balada: poema formado por três oitavas e uma quadra;
. Rondel: poema formado por duas quadras e uma quintilha;
. Rondó: poema com estrofação uniforme de quadras;
. Vilanela: poema formado por uma quadra e vários tercetos.

Assim, para os clássicos, a obediência às normas ou técnicas aqui expostas é um dos itens mais importantes na classificação de um POEMA como POESIA. Rosa Beloto

Gêneros Literários do Poema

Os estudos dos Gêneros Literários aparecem pela primeira vez na obra “A República”, de Platão como um tipo de classificação da obra literária tendo em vista principalmente o seu conteúdo, sua temática. O discípulo mais famoso de Platão, Aristóteles, retoma o estudo dos gêneros e suas modalidades em sua obra-prima “A Poética”, sob o ponto de vista dos tópicos mais importantes da obra: a MÍMESE e a VEROSSIMILHANÇA. Devemos lembrar que, para os Antigos, Poesia é texto em versos, com rima, métrica e ritmo definidos, ou seja, é o Poema belo e perfeito; em suma: é o poema que obedece às normas da Versificação.

Para Aristóteles, a POESIA é Mímese, ou seja, é uma das várias formas de IMITAÇÃO (= DE REPRESENTAÇÃO) da realidade criadas pelo homem. Já no início da sua obra, Aristóteles discrimina como imitações poéticas:
1) as imitações dramáticas: tragédia e comédia;
2) a epopéia, imitação narrativa;
3) o ditirambo (poemas em homenagem a Baco), a citarística (poemas acompanhados por instrumentos de corda) e a aulética (poemas acompanhados pela flauta), exemplos de imitações poéticas que hoje correspondem ao gênero lírico.

Assim, a obra de Aristóteles já apresenta os três tipos de Gênero a que um poema pode pertencer: o Lírico, e Épico e o Dramático.

1. Gênero Lírico

Pertence ao Gênero Lírico o poema que consiste numa forma de expressão dos sentimentos, das emoções, dos desejos, dos conhecimentos, enfim, da visão de mundo de alguém: do EU que fala no poema. Emissor e personagem única desse tipo de mensagem, o “EU-LÍRICO” é o tema nela tratado (mensagem centrada no emissor): normalmente, portanto, o poema lírico é elaborado com uma linguagem emotiva - SUBJETIVA - em que predominam as palavras e pontuações de 1a. pessoa. Os tipos de poemas líricos mais comuns são:

1.1 Ode ou Hino: é o poema lírico em que o emissor faz uma homenagem à Pátria (e aos seus símbolos), às divindades, à mulher amada, ou a alguém ou algo importante para ele. O Hino é uma Ode com acompanhamento musical;

1.2 Elegia: é o poema lírico em que o emissor expressa tristeza, saudade, ciúme, decepção, desejo de morte. É todo poema melancólico;

1.3 Idílio ou Écloga: é o poema lírico em que o emissor expressa uma homenagem à Natureza, às belezas e às riquezas que ela dá ao homem. É o poema bucólico, ou seja, que expressa o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado da amada (=pastora), que enriquece ainda mais a paisagem, espaço ideal para a paixão. A écloga é um idílio com diálogos (muito rara);

1.4 Epitalâmio: é o poema lírico feito em homenagem às núpcias de alguém;

1.5 Sátira: é o poema lírico em que o emissor faz uma crítica a alguém ou a algo, em tom sério ou irônico (“elogio às avessas”).

Alguns autores consideram modalidades líricas:
- o ACALANTO: ou canção de ninar;
- o ACRÓSTICO: (akros = extremidade; stikos = linha), composição lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam uma palavra ou frase;
- a BALADA: uma das mais primitivas manifestações poéticas, são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico e refrão vocal que se destinam à dança;
- a BARCAROLA: é o canto dos gondoleiros italianos; consiste num lamento com o mar, acusando sempre referência a caminhos por água (= cantigas de amigo = elegia);
- a CANÇÃO: poema oral com acompanhamento musical (= CANTIGA);
- a CANTATA: pequena ópera, gira sempre em torno de uma ação solene ou galante (sensual);
- o CANTO REAL: tipo de balada de forma fixa, composta por 5 estrofes com 11 versos e uma estrofe com cinco versos. Comum no Parnasianismo;
- o DITIRAMBO: canto em louvor a Baco que deu origem à tragédia;
- o GAZAL ou GAZEL: poesia amorosa dos persas e árabes; odes do Oriente Médio;
- a GLOZA: ver VILANCETE;
- o HAICAI: expressão japonesa que significa “versos cômicos” (=sátira). É o poema japonês formado de três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas: 1o. verso=5 sílabas; 2O. verso = 7 sílabas; 3O. verso 5 sílabas;
- a LIRA= idílio;
- o MADRIGAL: idílio amoroso que consiste num galanteio que o eu-lírico faz a uma pastora(sua amante);
- o NOTURNO: elegia, poema melancólico em que o símbolo da tristeza é a noite;
- a PARLENDA: composição ritmada destinada a certos jogos infantis (cadê o gato? Foi atrás do rato/ Cadê o rato ? Foi atrás da aranha...)
- o RONDÓ: é o poema lírico que tem o mesmo estribilho se repetindo por todo o texto;
- a TROVA: é o mesmo que cantiga ou canção;
- o VILANCETE: são as cantigas de autoria dos poetas vilões (cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas, portanto.

Como se pode observar, essas outras modalidades líricas nada mais são do que variações dos cinco tipos principais.

2. Gênero Épico ou Narrativo

Pertence ao gênero épico, o poema que conta uma história, um episódio: por isso, ele é também chamado de NARRATIVO. Há três tipos de poemas narrativos:

2.1 Epopéia: é o poema épico que narra um grande feito histórico de um povo, de um país, destacando os seus heróis. Além dos textos históricos, encaixam-se nessa classificação os textos bíblicos. A epopéia clássica, das quais são exemplos a “Ilíada” e a “Odisséia”, ambas de Homero; “Os Lusíadas”, de Camões; “A Divina Comédia”, de Dante, etc, tem as seguintes partes:
1a. Proposição: apresentação do tema e do herói;
2a. Invocação”: evocação das musas inspiradoras para que o episódio proposto seja contado com
engenho e arte;
3a. Dedicatória: a epopéia é dedicada a alguém importante;
4a. Narração: o tema proposto é contado;
5a. Epílogo: é a conclusão da narrativa e as considerações finais.
A epopéia moderna não tem uma divisão pré-estipulada.
São exemplos de epopéias brasileiras: “ Caramuru” , de Santa Rita Durão; “ Uraguai” , de Basílio da Gama; “ Vila Rica” , de Cláudio Manuel da Costa , dentre outras.

2.2 Romance ou Xácara: é o poema narrativo que conta as façanhas de um herói, mas principalmente uma história de amor vivida por ele e uma mulher “proibida”. Apesar dos obstáculos que o separa, o casal vive sua paixão proibida, física, adúltera, pecaminosa e, por isso é punido no final. É o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Exemplo: “Tristão e Isolda”.

2.3 Fábula: é o poema narrativo em que as personagens são seres não humanos personificados. Com o objetivo de criticar os homens, esse poema sempre encerra uma lição de moral.

Há, ainda:
- o Lai: poema narrativo curto formado por 12 estrofes com versos octossílabos, referentes às lendas medievais, mais precisamente àquelas do ciclo arturiano;
- a Canção de Gesta: narrativa acompanhada de música, conta a vida de um herói ou de um santo; elas deram origem às novelas de cavalaria medievais;
- o Poema Herói-Cômico: poema narrativo em estilo solene que encerra um assunto banal e ridículo. Ex: “A Estante do Coro”, onde os 6 cantos do poema giram em torno da dúvida de dois homens a respeito de onde deveria ser colocada uma estante de um coro;
- o Poema Burlesco: é um poema narrativo que, ao contrário do poema herói-cômico, trata de um assunto sério usando um estilo jocoso. Ex: “Orlando Furioso”

3. Gênero Dramático

Pertence ao gênero dramático toda e qualquer peça teatral em versos. O texto dramático é o único elaborado com o fito de ser representado num palco e, por isso, é o único que contém INSTRUÇÕES PARA O MOMENTO DA REPRESENTAÇÃO. Quem melhor caracteriza esse gênero é Aristóteles, que em sua “Poética” estuda a tragédia em dezessete capítulos (cap. VI ao XXII) como sendo o protótipo do drama e a arte mimética por excelência.

Na Antigüidade, dois eram os tipos de poemas dramáticos existentes: a tragédia e a comédia, artes miméticas, pois a primeira é a imitação ( a representação) de homens melhores e a segunda, de homens piores do que os que existem na realidade (objetos da imitação). No modo dramático de imitação, as próprias pessoas imitadas (personagens) são autoras da representação e desconhecem seu destino; é por isso que o conjunto das ações feitas por essas personagens no decorrer da peça teatral recebe o nome de DRAMA. Para Aristóteles, o fato da tragédia imitar homens superiores (melhores do que os que existem na realidade) e provocar no espectador reações de dor e violência (para que o espectador também fique “mais nobre”, “melhor”) que o levam a ter medo e piedade ( a docilidade, a passividade, a conformidade) necessários à vida disciplinada em sociedade, é que faz da tragédia a mais perfeita espécie poética de imitação. A comédia, ao contrário, é tida como a pior das espécies já que provoca no espectador o riso, e, com ele, o destemor, a aventura, a rebeldia: afinal, nelas são representados seres humanos piores do que aqueles que existem na realidade. A comédia surgiu na Sicília (Itália) com as obras de Epicarmo e Fórmis.

Embora tenha surgido na Grécia através da obra de Ésquilo, Aristóteles atribui o mérito de ser precursor da tragédia ao poeta Homero, autor das epopéias “Ilíada” e “Odisséia”, já que em sua obra narrativa a personagem protagonista é sempre um herói, ou seja, é sempre um homem superior, quando o normal na epopéia seria imitar homens comuns, homens iguais aos que existem na realidade. Homero também é elogiado por Aristóteles como um POETA MAIOR, pela forma perfeita e pela linguagem esmerada (ornada, musical) que imprimiu às suas epopéias (8.816 versos decassílabos), fontes de inspiração às epopéias de Virgílio, Camões, etc. Aristóteles salienta, ainda, que tragédia e epopéia se diferenciam pelo modo (na tragédia as personagens agem por si, não há ninguém narrando, o espectador entende a estória a partir do drama; na epopéia alguém conta a história, sabe tudo o que vai acontecer com as personagens: o narrador; em suma: modo dramático e modo narrativo), pela extensão (epopéia=poema longo/tragédia=poema curto) e pelo objeto (tragédia=homens melhores/epopéia=homens iguais aos que existem na realidade) da imitação. Atualmente, comédia e tragédia são modalidades dramáticas elaboradas em prosa.

Surgida na Idade Média e criada por Gil Vicente, outra modalidade dramática em versos heptassílabos (ou redondilhas maiores) é o AUTO, cujo conteúdo consiste numa crítica aos poderosos, principalmente aos clérigos(do padre ao Papa). A versão cômica do Auto é a FARSA. Essa modalidade ainda existe; em nossa Literatura atual temos “Morte e Vida Severina” ou “Auto de Natal Pernambucano”, de João Cabral de Melo Neto, e as peças de Ariano Suassuna, dentre elas o “Auto da Compadecida”.
Noções de Versificação > Esdrúxula, Datílica ou Proparoxítona

Quando as palavras rimadas são proparoxítonas.
"No ar lento fumam gomas aromáticas"
Brilham as navetas, brilham as dalmáticas."
(Eugênio de Castro)
"Sobre as ondas argênteas do Adriático
Passa à noite o gondoleiro, e canta
E dobra a fonte, lânguido, cismático."
(Raimundo Correia)

COMBINAÇÕES DE RIMAS;
Nas estrofes, as disposições mais freqüentes de rimas são as seguintes:
a) emparelhadas ou paralelas
b) alternadas, cruzadas ou entrelaçadas
c) opostas, interpoladas ou intercaladas
d) encadeadas
e) coroadas
RIMAS EMPARELHADAS OU PARALELAS
AA – BB – CC...
"Ele deixava atrás tanta recordação!........A
E o pensar, a saudade até no próprio cão,.......A
Debaixo de seus pés, parece que gemia,..........B
Levanta-se o sol, vinha rompendo o dia, .........B
E o bosque, a selva, o campo, a pradaria em flor......C
Vestiam-se de luz com um peito de amor"........C
(A de Oliveira)
RIMAS ALTERNADAS, CRUZADAS ou ENTRELAÇADAS:
AB AB AB AB...
Quando de um lado, rimam os versos ímpares(o 1º com o 3º, etc); de outro, os versos pares (o 2º com o 4º, etc)
"Tu és beijo materno! A
Tu és um riso infantil, B
Sol entre as nuvens de inverno, A
rosa entre as flores de abril B
RIMAS OPOSTAS OU INTERPOLADAS OU INTERCALADAS: ABBA ABBA
Quando o 1º verso rima com o 4º, e o 2º com o 3º
"Saudade! Olhar de minha mãe rezando A
E o prato lento deslizando em fio B
Saudade! Amor de minha terra... o rio B
Cantigas de águas claras soluçando" A
(Da Costa e Silva)
RIMAS ENCADEADAS;
Quando rima a final de um verso com o interior de verso seguinte, conforme o esquema abaixo:
------------------------A
-------------A-----------------C
------------------------------B
-------------B-----------------C
Exemplo:
"Quando alta noite n'amplidão flutua
Pálida a lua com fatal palor,
Não sabes, virgem, que eu te suspiro
E que deliro a suspirar de amor."
(Castro Alves)
RIMAS COROADAS
Quando rimam palavras dentro de um mesmo verso, conforme o esquema abaixo:
A-A------------------------ BB
C-C------------------------------D
E-E----------------------------FF
G-G-----------------------------D
Exemplo:
"Donzela bela, que me inspira lira
Um canto santo de fervente amor
Ao bardo cardo de tremenda senda
Estanca, arranca - lhe a terrível dor
(Castro Alves)
RIMAS ALITERANTES
Sucessão de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes no início das palavras de um ou mais versos.
"Vozes, veladas, veludosas, vozes
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
(Cruz e Souza)
RIMAS MISTURADAS
São as rimas que não obedecem a esquema determinado.
"É meia-noite ...e rugindo
Passa triste a ventania.
Com um verbo da desgraça
Como um grito de agonia
REGRAS PARA SEPARAÇÃO DAS SÍLABAS MÉTRICAS
1)Conta-se apenas até a última sílaba tônica:
Que cantem ao ver a Auro/ra
Teu pensamento é com o sol que mor/re
2)Sempre que duas vogais de palavras diferentes se encontram no verso, três coisas podem acontecer:
a) Ambas são átonas, nesse caso, ficam na mesma sílaba.
b) Ambas são tônicas, nesse caso, ficam em sílabas diferentes.
c) Uma é átona e outra é tônica, nesse caso, podem ficar na mesma sílaba ou não, de acordo com as circunstâncias.


Noções de Versificação > Estrofação
Estrofe é um agrupamento rítmico formado de dois ou mais versos, que, em geral, se combinam pela rima
OS PRINCIPAIS TIPOS DE ESTROFES
1) O dístico dois versos
2) O terceto três versos
3) A quadra quatro versos
4) A quintilha cinco versos
5) A sextilha seis versos
6) Sete versos sete versos
7) A oitava oito versos
8) Nove versos nove versos
9) A décima dez versos
CLASSIFICAÇÃO DOS VERSOS QUANTO AO NÚMERO DE SÍLABAS
Os versos classificam -se em:
1 sílaba monossílabo
2 sílabas dissílabo
3 sílabas trissílabo
4 sílabas tetrassílabo
5 sílabas pentassílabo
6 sílabas hexassílabo
7 sílabas heptassílabo
8 sílabas octassílabo
9 sílabas eneassílabo
10 sílabas decassílabo
11 sílabas hendacassílabo
12 sílabas dodecassílabo
NOTA; Para alguns versos há denominações especiais.
5 (cinco) sílabas - redondilha menor
7 (sete) sílabas - redondilha maior
10 (dez) sílabas - heróico ou sáfirico, conforme o ritmo.
12 (doze) sílabas - alexandrino
OBSERVAÇÃO:
Até sete sílabas não há pausa em rimas obrigatórias: o acento tônico pode cair em qualquer das sílabas.

VERSO DE UM SÍLABA
"Va-gas
pla-gas
fra-gas
sol-tam
can-tos
co-brem
mon-tes
fon-tes
tí-bios
man-tos"
(Fagundes Varela)
VERSOS DE DUAS SÍLABAS
"Tu, on-tem
na dan-ça
que can-sa
voa-vas
com as fa-ces
em ro-sas
formo-sas
de vi-vo
carmim //
(Casimiro de Abreu)
"VERSO DE "TRÊS SÍLABAS
"Vem a auro-ra
presuro-sa
cor de ro-sa
que se co-ra
de carmim//
as estre-las
que eram be-las
tem desmai-os
já por fim//"
(Gonçalves Dias)
VERSO DE QUATRO SÍLABAS
"O inverno bra-da
forçando as por-tas
Oh! Que revoa-da
de folhas mor-tas
o vento espa-lha
por sobre o chão/..."
(Alphonsus de Guimarães)
VERSO DE "CINCO'' SÍLABAS
(ou redondilha menor)
"Meu canto de mor/te,
Gerreiros ouvi/
Sou filho das sel/vas
Nas selvas cresci/;
Gerreiros descen/do
Da tribo tupi/
(Gonçalves Dias)
VERSO DE SEIS SÍLABAS
Admite vários metros; pode ser acentuado na Segunda, na terceira, na quarta, só na sexta.
Exemplo:
"E o cavaleiro pas/as
ante a sombria por/ta
da linguagem desgra/ça"
(Alphonsus de Guimarães)
VERSO DE SETE SÍLABAS
"Antes de amar, eu dizi/a
para cortar na raiz/
esta constante agonia
preciso amar algun dia
amando, serei feliz."/
(Menotti del Picchia)
VERSO DE OITO SILABAS
O mais harmonioso, com pausa na 4ª sílaba. É freqüentissímo.
"No ar sossegado, um sino can/ta
Um sino canta no ar sombri/o
(Olavo Bilac)
"E o perfume da virgindade/de"
(Alfhonsus de Gruimarães)
"Tem do céu a serena cor/"
(Machado de Assis)
VERSOS DE NOVE SÍLABAS
Ó guerreiros da taba sagra/da,
Ó querrei/ros da tribo tupi/!
Falam deuses nos cantos de pia/ga!
Ó guerrreiros, meus cantos ouvi!"//
(Gonçalves Dias)
RIMA
É uma coincidência de sons.
É a semelhança ou identidade entre os sons, no final de dois ou mais versos, ou ainda no interior do verso.
Exemplo:
Aquela triste a leda madrugada
Cheio toda de mágoa e de piedade
Enquanto houver no mundo saudade
Quero que seja sempre celebrada
(Camões)
Chama-se RIMA a igualdade ou semelhança de sons pertencentes ao fim dos vocábulos, a partir da sua última vogal tônica.
RIMA interna é a que se faz com o último vocábulo de um VERSO e um vocábulo no INTERIOR do verso seguinte.
"Era na estiva quadra! Intenso meio DIA
PEDIA um respirar
No meio do meu PEITO
Me DEITO a descansar
Janela entreaberta, esquiva ao sol jogOSO.
RepOUSO ali manténs;
Luz como a de espessURA
EscuURA ao quarto vem."
A rima pode ser perfeita ou imperfeita.
Diz-se RIMA PERFEITA quando é completa a identidade dos sons finais.
Exemplo:
"És engraçada e formosa
Como a rosa
Como a rosa em mês de abril;

És como a nuvem doirada
Deslizada
Deslizada em céus d'anil" (G.Dias)
Diz-se RIMA IMPERFEITA aquela em que a identidade de sons finais não é completa. Ocorre a rima incompleta quando
a) Se rima uma vogal de timbre aberto com outra de timbre fechado.
"Bailando no ar, gemia inquieto vagalume
Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como eterna Vela!
Mas a estrela, fitando à luz, com ciúme. "
(M. de Assis)
Um dos finais tem um som que outro não tem.
"Nessa vertígem
Amara a virgem"
O de rima de vogal oral com vogal nasal:
"De que ele, o sol inunda
O mar, quando se põe
Imagem moribunda
De um coração que foi..."(J. de Deus)
"Existem quatrocentas mil mulheres a mais"
da penha ao Posto Seis
São mais de dez mulheres para cada rapaz:
Só eu não tenho vez..."
RIMA QUANTO AO VOCÁBULO
Pode ser: rica, pobre, rara ou preciosa.
RIMAS RICAS:
Quando as palavras que rimam pertencem a classe gramaticais diferentes
"O teu olhar, Senhora, é a estrela da ALVA
Que entre alfombras de nuvens irraDIA
Salmo de amor, canto de alívio, e SALVA
De palmas a saudar a luz do DIA"
(Alphonsus de Guimarães)
RIMAS RARAS OU PRECIOSAS
As rimas excepcionais, difíceis de encontrar ou com vocábulos pouco usados.
E, a rir, levamos entre ditirambos,
Eu, no açafate, as provisões do lanche,
Ela, um beijo a trinar nos lábios flambos!
(Helenos, de B. Lopes)
"Penso que, no negror da meia em que surgis
Deveis ser, pela alvura ebúrnea e macilenta,
Dois lírios cor de neve em dois vasos de ônix."
(A Feijó)
RIMA POBRE:
Quando se verifica entre os vocábulos pertencentes à mesma classe gramatical.
"Que noite fria! Na deserta rua.
Tremem de medo os lampiões sombrios
Densa garoa faz fumar a lua
Ladram de tédio vinte cães vadios."
(Castro Alves)
"Não, Pepita, não ta dou... A
Fiz mal en dar-te em flor, B
que eu sei o que me custou A
Tratá-la com tanto amor."(Garrett) B
RIMA QUANTO À ACENTUAÇÃO: AGUDA OU MASCULINA
Quando as palavras que rimam são oxítonas ou monossílabas tônicas
"Agora que a noite estende
Alvo lençol de luar
E a bafagem que recende
Nos jardins perfuma o ar."
(Raimundo Correia)
"Vinhos dum vinhedo, frutos dum pomar
Que no céu os anjos regam com luar."
(Guerra Junqueira)
GRAVE OU FEMININA
Quando as palavras que rimam são paroxítonas.
"Calçou as sandálias, tocou-se de flores.
Vestiu-se de Nossa Senhora das Dores."
(Antônio Nobre)
"A ardência em vão te aplaca ao lábio lindo.
Esse angélico sopro e hábil ameno:
- Vento outonal de longes campos vindo
cheios de fresco, de oloroso feno ..."

1 Comments:

Blogger nestorcorreia said...

Gostaria de saber como se chama a rima e métrica de "O Pranto de Maria Parda" de Gil Vicente, em quadras e quintas em redondilha maior na estrutura de rimas ABBA CCDDC.

6:56 AM  

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